O Silêncio e as Palavras: Reflexões à volta da participação e do poder na promoção do associativismo em Cabo Verde
Resumo
Este artigo analisa um programa de cooperação em Cabo Verde que visa privatizar trabalhos estatais de obras de conservação do solo e da água através do fomento do associativismo.
A partir de um estudo de caso de duas associações, examina a discrepância
entre os planos de acção (as políticas) e a prática, à luz de diferentes abordagens teóricas sobre a participação. Ao penetrar o ‘reino do silêncio’, revela a complexidade das relações locais do poder, onde as pessoas marginalizadas dos processos de tomada de decisão se tornam cúmplices na representação pública da sua suposta inclusão e onde a evidente falta de protagonismo nas redes verticais com o Estado e os doadores oculta um proveito individual dos benefícios da cooperação. Os dados etnográficos não
se encaixam num modelo que interprete a lacuna entre políticas e prática em função de uma oposição entre uma ‘verdadeira’ e ‘falsa’ participação: urge compreender melhor as relações locais do poder e o papel das políticas e das práticas em assegurarem o financiamento externo.
Palavras‑ chave: Cabo Verde, cooperação,
associativismo, participação, poder.
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