O contexto cultural dos marcos de terrenos nas aldeias Ambundu/Angola

Éva Sebestyén

Resumo


Nos manuscritos dos sobas ambundo durante os séculos XVIII e XX o tema principal tinha sido a defesa da terra linhageira perante as intrusões.
O processo de legitimação da posse comunitária começava com a fixação dos limites entre os vizinhos utilizando tanto marcos naturais (árvores de grande porte como também penhascos, riachos, rios, montanhas) como obras de artesanato (pedaços de ferro, utensílios feitos de argila). Estes marcos foram registrados por escribas ambundu em declarações que o soba fazia sobre as terras linhageiras da sua povoação (genealogia da linhagem principal, migração, estabelecimento, demarcação de terreno) que serviam como argumento importante no eventual conflito de terrenos. Entre os marcos naturais sobressaem as árvores que poderiam ter também  usos económicos. Segundo o corrente estudo piloto que forma a base deste artigo, todas estas árvores-marcos provaram a ter propriedades de uso medicinal. O trabalho de campo nas aldeias dos cartórios poderia fornecer dados medicinais e terapêuticos para uso dos Centros locais de saúde.

Palavras-chave: sobas, Ambundu, cartórios, património linhageiro, árvore-marco, uso medicinal


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