Criar asas: dos desafios da formação de professores de geografia na pós-modernidade

Herculano Cachinho

Resumo


Este artigo aborda os problemas da formação de professores e da inovação na educação geográfica. Na atualidade, a sociedade portuguesa vive uma profunda falta de sincronia entre a formação que é dada aos professores e os papéis que se espera que estes sejam capazes de desempenhar na escola. Este mal-entendido, com os seus paradoxos, ambiguidades e contradições, torna-se não só uma fonte de desorientação dos professores, mas também num importante fator de bloqueio para a inovação e a mudança das práticas na educação geográfica. Na nossa perspetiva, isto acontece porque as universidades formam os professores simplesmente para ensinarem geografia, mas a sociedade espera que estes na escola eduquem os jovens geograficamente através do desenvolvimento de um conjunto de experiências de aprendizagem significativas. Considerados frequentemente como sinónimos, esquecemo-nos que ensinar e educar raramente coincidem, tal como acontece com a relação entre o ensino e a aprendizagem. A tese que aqui se defende é ilustrada através de uma experiência de aprendizagem desenvolvida pelos professores estagiários no ano letivo de 2004/2005.


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