A raça como crime cívico
Resumo
Ao assumir um papel central no governo pós-keynesiano da divisão racial e da pobreza, o crescente sistema carcerário tornou-se uma força preeminente na (re)for mação da raça e da cidadania nos Estados Unidos da América. Não só significa mas também reforça a negritude através da sua fusão prática da cor com criminalidade e violência desviada. Da mesma maneira que a escravatura resultou na "morte social" dos cativos africanos importados e dos seus descendentes, o encarceramento massivo dos Afro-Americanos induz a morte cívica daqueles que enreda através da sua exclusão do contrato social. Os reclusos são o alvo de um triplo movimento de fechamento excludente que lhes nega o acesso a capital cultural institucionalizado, que os afasta da redistribuição social e que os incapacita da participação politica. Os estatutos da privação criminal dos direitos de voto que proíbem este ultimo a quase 2 milhões de americanos (re)colocam-nos no papel histórico de antítese viva do "modelo americano". A estreita relação entre a retórica e a politica de expurgação politica dos condenados no fim do seculo e as da exclusão dos Negros em épocas mais remotas sugere que a negritude e mais bem compreendida como o crime cívico primevo da América, de acordo com a concepão durkheimiana do crime enquanto "um acto" que "ofende estados fortes da consciência colectiva" - neste caso, a representação idealizada que a América tem de si própria como a terra prometida da liberdade, da igualdade e da auto-determinação. Ao reactivar e ao actualizar a lógica da infâmia racializada, a excomunhão criminal lembra-nos que a divisão de casta e um traço constitutivo e não o teratológico do republicanismo americano. Da testemunho da compleição estratificada e restritiva da cidadania americana no limiar do novo milénio.
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