Porque é Tão Difícil Ter Boas Escolas

Edma A. Satar

Resumo


Nesta recensão crítica do livro do autor Larry Cuban pretende-se, em primeiro lugar, destacar as preocupações do autor da reforma educativa do sistema americano, através da implantação das tecnologias de informação e comunicação, com a distribuição de microcomputadores nas salas de aula destinados ao desenvolvimento da aprendizagem dos alunos do ensino elementar. Descreve-se o ambiente político e educativo após a segunda guerra mundial e o mesmo panorama no século dezanove quando surgiu o movimento das escolas eficazes e, no século vinte, quando se tentou consciencializar as escolas da importância da situação salarial dos professores e do empenho dos administradores na gestão escolar. Fomentando políticas de eficiência laboral dos professores e social para as minorias éticas, o objectivo era melhorar as escolas de modo a formar indivíduos que seguissem carreiras profissionais bem remuneradas e, consequentemente, pudessem contribuir para a melhoria económica do país. Realçam-se os esforços do autor em prol da igualdade social dos alunos e de oportunidades de aprendizagem por parte das minorias étnicas, grosso modo negras, numa América onde já fervilhava o fermento da revolta social da população negra dos subúrbios. Apresentando como exemplo escolas onde ele próprio exerceu a actividade docente, incentivou a prática da democracia e o desenvolvimento de crenças e valores que podiam apoiar a qualificação de “boas” escolas elementares especificamente em relação ao ensino de disciplinas fundamentais, tais como a matemática e a leitura. A qualificação de “boas” escolas não se limitava referindo-se aos professores e alunos, mas estendia-se aos gestores escolares, pessoal escolar e à família. Em segundo lugar, extrapolando para o contexto nacional, apontam-se elogios, mais do que críticas, ao uso dos “laptops” nas escolinhas portuguesas, como principal centro da escolaridade na construção da literacia na sala de aula e no apoio às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Esta política valeu apenas num ano escolar, tem-se estendido a todas as escolas do ensino básico e alguns níveis do ensino secundário e não visou os menos favorecidos, mas todos quantos se candidataram ao programa. Num país de estratificação social e étnica homogénea, pelo menos, à vista “desarmada”, o programa teve tanta aceitação como nos países onde foi também implementado, por um lado pela novidade, por outro pela vontade de adesão. Sublinha-se o empenho do governo na concretização de uma reforma educativa há muito desejada e dificultada pela resiliência à mudança, que engloba não só os professores e alunos, mas também os gestores escolares e políticos de educação. A reforma educativa deve abranger todos os quadrantes, desde a escola até à participação familiar. Cada um deve empenhar-se na sua quota parte, tanto a escola como o professor, alunos e a família. Critica-se a atitude dos que resistem à mudança e não contribuem para o desenvolvimento do país num compromisso informal para o bem-estar social, económico e democrático. Apontam-se algumas atitudes de abertura conducentes ao bem-estar em geral num futuro globalizante, que não podem necessariamente ser classificadas de utópicas ou de optimismo ingénuo.

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