Itinerário do erro em Tristan de Gottfried von Strassburg

Mafalda Sofia Gomes

Resumo


Tristan, texto de Gottfried von Straßburg (ca. 1210-1220), sustenta-se da exploração temática do erro: o erro representado pelo adultério de Tristan e de Isolde desdobra-se numa série de episódios nos quais Marke, o rei traído, procura insistentemente averiguar a culpa da mulher e do sobrinho. Estas tentativas apresentam-se sob a forma de artimanhas, auxíliadas por Marjodo e Melot, sendo prontamente retaliadas por contra-artimanhas engendradas pelos amantes e por Brangäne, aia de Isolde. O presente artigo apresenta uma
excursão pelos diferentes momentos do texto em que o rei da Cornualha é induzido em erro, tematizando-se o motivo da ambiguidade associada à perceção do real. Esta ambivalência é gerada pela linguagem como meio de dissimulação, nomeadamente pela linguagem do simbólico, deduzindo-se e mascarando-se intenções. Esta faceta do texto deixa-se materializar diegeticamente através do motivo da língua, nomeadamente das três línguas cortadas a que o texto faz referência, permitindo refletir sobre questões epistemológicas como a verdade e a mentira, o real e a ilusão, a conformidade e a subversão. 


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