On otherness and India : o livro de Duarte Barbosa (C. 1516) seen in context

Cristina Osswald

Resumo


Neste artigo foi analisada a contribuição do Livro de Duarte Barbosa (c. 1516) para a receção e a interpretação da cultura e da sociedade indianas pelos europeus. O Livro só foi publicado em Portugal no século XIX. No entanto, esta narrativa conheceu, desde o início, uma grande circulação em Portugal e no resto da Europa. Antes de mais, a versão manuscrita era conhecida dos mais importantes cronistas do Oriente Português: Gaspar Correia, Lopes de Castanheda e João de Barros. Este relato foi igualmente traduzido para castelhano, alemão e italiano ainda durante o século XVI. Referimos, por exemplo, a tradução para a língua italiana incluída no primeiro volume da obra Navigazzioni e Viaggi (1550) por Giovanni Battista Ramusio, uma das mais importantes compilações de textos relativos às narrativas de viagens por europeus fora da Europa desde a Idade Média.O Livro sofre certamente de algumas limitações características da época, como preconceito religioso, um discurso fomentando com frequência uma identificação civilizacional não necessariamente verdadeira entre europeus e não europeus, ou a associação da tipologia de pele com determinado nível civilizacional. No entanto, trata-se de um dos mais completos relatos escritos por autores portugueses acerca da Índia no início do século XVI. De facto, este relato inclui informação fundamental acerca de aspectos políticos, militares, sociais, culturais, comerciais e religiosos característicos da Índia contemporânea. Como indicado pelo título da obra, o Malabar é a região da Índia, cuja descrição foi objeto de maior cuidado. Tal deverá estar relacionado com o facto de Barbosa ter vivido durante quase cinquenta anos nesta região.

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