Território e paisagem a ambiguidade da apropriação da tradição moderna pela fotografia

Maria do Carmo Serén

Resumo


: Tornou-se convencional considerar a paisagem no Ocidente como um efeito de um novo olhar saído da Modernidade (um individualismo renascentista que abandona o «olhar para o céu» e os seus imaginários Jardins do Paraíso e manifesta o «olhar para a terra», característico das culturas mercantis modernas; uma prática das Descobertas, com os seus mapas com indicações geográficas, botânicas e étnicas ou ainda, o culto dos jardins privados e públicos…) Porém, o olhar que cria a paisagem como uma entidade diferente do território mas a partir da observação desse mesmo território, não releva apenas de um novo olhar moderno, está presente nas diversas representações cívicas, (como emblemas das cidades), levanta-se em minuciosas iluminuras dos «Livros de Horas» e faz, indiscutivelmente parte do imaginário medieval. É esta pintura e representação emblemática que norteia uma das orientações do olhar fotográfico, motivando ainda a fotografia documental que representa a cidade ou o campo através de concepções que são bandeira da sua representatividade e legitimidade. Acresce que a fotografia traz consigo a contaminação da representação do território, seja através do naturalismo e realismo ou da simulação simbólica do olhar (Pictorialismo) ou da realidade construída da fotografia conceptual.

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