A falha como acerto na física, no manuscrito e na pintura

Philippe Willemart

Resumo


O neurocientista Gerald Edelman adverte que da sucessão de estímulos recebidos pela mente nasce um fluxo constante de impulsões neuronais a partir das quais se constrói a percepção e depois o pensamento conceitual (Plus vaste que le ciel, Une nouvelle théorie générale du cerveau (Paris: Ed. Odile Jacob, 2004)); assim podemos entender as possibilidades de erros devido à multiplicidade das conexões no cérebro e a dificuldade do pensamento nas suas decisões. Ilustrarei os resultados em dois casos: um erro feliz no processo de
criação do Nobel de física em 1996, Douglas Osheroff e a nossa compreensão do tempo contrária à da mecânica quântica (Carlo Rovelli). Em seguida, partirei para a análise de um texto de Sodoma e Gomorra de Proust comentando o curso habitual da mente cheio de hesitações e os erros de percepção na procura da verdade artística. Para concluir, lembrarei os esboços das Demoiselles d’Avignon de Picasso e as dificuldades do narrador proustiano na fixação do início da Busca do Tempo Perdido.


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